Sinceramente Errado. Testemunho de um ex-pastor da Igreja Universal
Tornei-me
evangélico aos 15 anos de idade e batizei-me na Igreja Universal (IURD) em 1989.
Destaquei-me como obreiro no primeiro ano de serviço e fui convidado para
dirigir alguma reuniões.
Aos 18 anos aceitei o
convite para assumir o ministério e após seis meses de preparação fui enviado
para o município de Santa Rita-MA, onde assumi a pequena igreja desta
localidade. Demorou apenas 2 meses para os líderes verem em mim algo
diferenciado. Eu tinha uma grande facilidade de desenvolver campanhas e logo fiz
crescer a pequena igreja de Santa Rita.
A minha habilidade de
convencer pessoas para doarem através de campanhas junto com atos de exorcismo e
milagres que eu praticava nas reuniões chamaram atenção não só dos membros da
igreja, mas também de outros pastores, o que levou um deles a me fazer uma
proposta de organizar uma igreja independente, o que nos daria muito destaque e
dinheiro. Eu recusei prontamente, pois achava isso uma forma de usar “meus dons”
para enriquecer-me.
Um dia pela manhã eu
estava dirigindo uma reunião na Igreja do João Paulo e entrou um homem que se
identificou como adventista do sétimo dia e me chamou de muitos nomes horríveis.
Lembro-me que havia quase duzentas pessoas presentes. Eu não respondi nada para
ele, apenas solicitei que os obreiros o retirassem da igreja. Mas ele ficou
esperando os membros saírem e entregou a eles alguns folhetos falando sobre o sábado.
Eu não entendia nada
sobre estes assuntos, então resolvi estudá-los para poder refutá-los. Fui então
à procura de pastores mais experientes, mas infelizmente eles não puderam me
dizer muita coisa. Resolvi estudar por mim mesmo e peguei alguns materiais de
diversos escritores evangélicos e preparei uma refutação para auxiliar os
membros da igreja que me procurassem. Tornei-me um grande opositor da Igreja
Adventista. Conhecia todos os versos e textos bíblicos para combatê-los.
Depois de um ano sendo
pastor e com grande perspectiva de crescer no ministério, eu desisti,
simplesmente desisti. Peguei minhas malas, preparei os obreiros da igreja e fui
embora para minha terra natal, a cidade de Anajatuba-MA.
Após uma semana, o pastor
regional conseguiu, através de um telegrama, entrar em contato comigo
solicitando que justificasse minha saída. Eu não dei resposta. Não sei como, mas
ele conseguiu o número do telefone onde poderia me achar e ligou para mim,
dizendo que achava incrível a minha decisão, já que não havia tocado nas
ofertas, pois havia deixado tudo com os obreiros depois de prestar contas com
eles, para os mesmos o repassarem. Ele me repassou um convite do pastor líder no
Maranhão para assumir a maior igreja da cidade de Imperatriz-MA, que é a segunda
maior cidade do estado, ofereceu-me aumento de salário e um monte de vantagens,
eu simplesmente recusei, na época não sabia o que estava acontecendo comigo, mas
hoje sei que Deus tinha um plano em minha vida.
Comecei a frequentar
outra igreja pentecostal na cidade de Anajatuba, mas as formas dos cultos não me
agradaram, então comecei a beber, ir a festas e assumir o mundo e suas
concupiscências. Passei pouco mais de um ano nessa vida.
Um amigo de infância que
faço questão de citar o nome (José Pereira Filho) me convidou para assistir uma
conferência na Igreja Adventista a qual ele fazia parte, eu prometi a ele que
iria, e fui. Quando cheguei à igreja e vi a maneira dos cultos, fiquei
incomodado pela frieza das pessoas. Cantavam sem graça, não havia danças, as
músicas eram um pouco sem graça para mim, não havia o “fogo” como eu era
acostumado. A pregação feita pelo evangelista não me convenceu. “Refutei” tudo
que ele havia ensinado, até levei duas amigas que estavam no culto a
desacreditar da mensagem. Fiquei depois mantendo contato com alguns jovens da
igreja adventista.
Duas amigas minhas
resolveram se batizar e eu encontrei-me com elas, e fiz de tudo para que
desistissem, apresentando textos que, segundo minha visão, “refutavam” as
mensagens que elas haviam ouvido. Isso pesou em minha consciência. Deus me deu
uma lição nesse dia, então voltei onde elas estavam e aconselhei que se
batizassem, mas eu jamais iria tomar essa decisão, disse. As duas, então, se
batizaram.
Através da amizade que
mantive com os jovens adventistas, ganhei um livro chamado “O Grande Conflito“. Quando falo
sobre isso meus olhos derramam lágrimas, pois como pude ser tão cego! Comecei a
ler por curiosidade e a cada página que eu lia meus olhos eram abertos.
Interessei-me tanto por este livro que dentro de poucos dias o terminei. Deus
foi tão maravilhoso que consegui, através desse livro, entender, já na primeira
vez que li, todo o livro de Daniel. Fiquei maravilhado com a profecia das “2.300
tardes e manhãs”. Apesar de não uma boa imagem de Ellen White, pude, através
desse livro, ter a certeza que algo Superior havia lhe inspirado.
Procurei a jovem que
havia me dado o livro, e perguntei-lhe sobre Ellen White, mas não me explicou
muita coisa. As informações que eu tinha sobre ela apenas puderam ser
esclarecidas quando li o livro “Vida e Ensinos” que foi me dado pelo ancião da
Igreja, o irmão Durcival Ferreira Sampaio.
Agora restavam esclarecer
os textos que usava para combater os adventistas. Fui ao SELS (loja que vende os
produtos da Casa Publicadora Brasileira) na Missão Maranhense (hoje Associação
Maranhense) para conseguir um livro que pudesse esclarecer as dúvidas que ainda
restavam. Encontrei um livro chamado “Consultoria Doutrinária”, que foi o
suficiente, pois meu coração já havia sido quebrando pelo Espírito Santo ao ler
o livro O Grande Conflito. Só meu Senhor Jesus Cristo sabe o quanto eu sou grato
a Ele por tudo que realizou na minha. Sou apenas um humilde servo. Não sou nada,
nada, nada, nada sem este Deus maravilhoso! Tudo que tenho. Tudo que sou,
entreguei a este Mestre Maravilhoso. Sinto-O agir em minha vida. Quando dou
algum passo errado sinto meu coração arder. Sei que Cristo está nesta Igreja
(IASD). Sei que ele a tem em suas mãos. Tenho absoluta certeza disto.
Vejo que tem muitas
pessoas sinceras dentro das igrejas que pertenci. Convivi com pastores, obreiros
e membros que realmente tinham o desejo de agradar a Deus.
Quero aqui deixar claro
que nunca paguei ninguém para fingir ser curado ou estar possuído, embora isso
fosse constante em minhas reuniões, e isso foi um dos motivos principais do meu
crescimento tão rápido no ministério. No meu livro, recentemente publicado, eu
relato, integralmente, o meu testemunho, além de relatar várias experiências
vivenciadas na IURD, também relato como encontrei a Verdade e qual é essa
Verdade que é capaz de libertar verdadeiramente do engano.
Recebo constantemente
convites para realizar evangelismos em diversos lugares e sempre pessoas
evangélicas têm aceitado a verdadeira mensagem bíblica, decidindo ao
batismo.
As igrejas evangélicas,
em geral, são compostas em sua maioria por pessoas sinceras que vivem a fé que
conhecem, embora incompleta. Precisamos apresentar a elas o Evangelho Eterno de
forma completa, mas isso deve ser feito com amor. Não podemos atacá-los como
fizeram comigo, isso quase me fez repulsar para sempre a Igreja Adventista e sua
mensagem, mas Deus tinha outros planos. Vejo a IURD como qualquer outra igreja
evangélica que tem membros que precisam conhecer o que eu conheci: a Verdade de
forma completa. A Verdade que liberta verdadeiramente. Não uma verdade misturada
com erro, mas a Verdade pura e simples ensinada na Bíblia. A Verdade pela qual o
Espírito Santo veio para guiar os filhos de Deus (Jo 16:13).
Quero aqui fazer um
pedido a todos os adventistas: pese muito bem suas palavras antes de
pronunciá-las, porque também seremos julgados por cada uma delas. Devemos ter
muito cuidado, pois alguns podem se sentir ofendidos e trancarem para sempre o
coração para a Verdade.
Quando cheguei à Igreja
Adventista senti-me um peixe fora da água. Não era o ambiente que estava
acostumado a frequentar, não havia danças, não havia barulho, não havia nada que
pudesse me chamar atenção. Mas havia algo que nunca havia presenciado – “Paz”.
Pude perceber que os adventistas não eram como muitos evangélicos fazem
acreditar. Pude encontrar verdadeiros amigos. Pude também perceber uma imensa
vontade de fazer o certo, de buscar a Verdade. Algo que eu nunca havia me
preocupado.
Pude ver que eles não
buscavam a salvação pelas obras da lei, como muitos dizem e como eu mesmo
ensinava. Eles buscavam a salvação pela Graça obtida pela cruz do Calvário, onde
Cristo havia doado sua vida por cada um de nós. Isso me deixou maravilhado. Pude
ver em suas pregações um amor profundo por Cristo e desejo pela sua volta.
Percebi que eles pregavam sobre o Espírito Santo, ensinavam sobre Ele. Algo que
eu me surpreendi, pois havia sido ensinado que eles nem sequer acreditavam no
Espírito Santo.
Pude perceber também que
o
sábado não era como os fariseus ensinavam, mas sim como o próprio Cristo
ensinou. Aprendi que o próprio Cristo, Paulo e muitos outros haviam guardado o
sábado (Lc 4:16, 23:54-56; At 16:13, 17:2, 18:1-4). Percebi que as passagens
utilizadas por mim para combatê-los não tinham sentido quando lia o contexto da
história.
Entendi que Ellen White
não era como muitos dizem. Percebi em seus escritos um profundo amor por Cristo
e respeito pela Sua Palavra. Pude entender, através de seus escritos, o tamanho
e imensidão do Amor de Cristo ao ponto de se importar com homem como eu, sujo,
imundo, um miserável pecador. Tive convicção que realmente algo Superior a havia
inspirado. Entendi a verdadeira condição do homem na morte. A ideia de um
inferno queimando eternamente me assustava. Percebi o Amor de Deus até mesmo na
purificação do planeta e na criação de Novo Céu e uma Nova Terra nos quais
habita a justiça. (2 Pe 3:13).
Entendi que a restrição
de alimentos era para termos saúde. Que o nosso Criador
havia ensinado princípios saudáveis para Seu povo porque ele sabia, como
Criador, o que era melhor para nós. Eu poderia continuar escrevendo por horas
para descrever tudo aquilo que aprendi, porém, amigo, gostaria de apenas lhe
fazer um apelo: Não nos julgue pelo que os outros dizem
sobre nós adventistas. Venha nos conhecer. Conhecer o que ensinamos. Você ficará
maravilhado, como eu fiquei.
Hilton Bastos, 36 anos,
membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Anajatuba-MA.
Fonte: Blog Advir